Ana Neves

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Sobre o autor

Desde que me conheço que tenho paixão por livros. Ele foram o meu primeiro "windows" para lá do portão do jardim.
Aprendi a ler e escrever antes da primeira aula escolar. O meu primeiro livro foi prenda da minha madrinha Mariana: "O meu Primeiro Livro de Cozinha". Depois vieram "Um Capitão de quinze anos, as viagens de Gulliver e Heidi que ainda conservo com os outros que fui adquirindo.
Fui crescendo e amadurecendo. Os meus objetivos alteraram.
Começaram por:
saber cozinhar (atingido no milênio anterior), pintar um quadro (objetivo alcançado no século passado) e publicar um livro (a realizar proximamente).

Anabela Félix Ferreira Neves - para resumir os apelidos e "desformalizar" contatos; Ana Neves - nasci em Lisboa onde me criei até aos 7anos.

Morei no Bairro da Ajuda, onde hoje se erguem parte dos arruamentos para acessos a diferentes edifícios académicos e houve um descampado muito grande e moinhos de vento.
Hoje a Faculdade de Arquitetura, está sensivelmente, mais metro menos metro, alojada onde se erguia a casa dos meus avós.
A Tapada da Ajuda partilhou o muro com pátio das traseiras da casa onde morei sobre o qual atirávamos as pinhas ainda fechadas para depois lhes recolher os pinhões.
Brinquei pelos recantos, estufa e chafarizes do Jardim Botânico da Ajuda, onde o meu avô paterno foi jardineiro.
O Palácio da Ajuda também foi um cantinho de passagem ainda que em raras ocasiões. A avó, sempre que necessitava ausentar-se e eu a não podia acompanhar, deixava-me ao cuidado de uma senhora sua amiga, a D. Augusta (tinha barba no queixo e às vezes picava). D. Augusta trabalhava no Palácio e morava perto da nossa casa num moinho de vento quase nosso vizinho. Sempre que ficava com a senhora eu sabia que não podia nem mexer em nada, nem correr nas escadarias e pelas salas, nem sequer falar alto. Nessa idade eu acreditava que em cada palácio havia um rei e uma rainha. Fiquei muito desgostosa quando saímos de Lisboa, porque vim embora, mas mais ainda porque eu nunca vi a rainha. Eu que me portei sempre bem no palácio dela.
O avô era alentejano da freguesia das Galveias em Ponte de Sôr, com ele eu visitava a família sempre que possível e com ele visitei o Paço dos Duques em Vila Viçosa. Foi magia levar-me ali. Eu fui ao quarto do rei D. Carlos. Recordo dizer-se que ficou sem alteração desde que ele foi para Lisboa onde o mataram (uma vergonha).
Lembro de fazermos a viagem de charrete puxada por dois jericos, o Jacinto e o Malhado, enquanto descascávamos “alcagoitas” e comíamos.
A avó era minhota, nasceu na Bolência, em Cossourado, município de Paredes de Coura e também ela me trouxe várias vezes ao Minho passar os tempos de calor, ficando alojados “na casa das parentas de Rubiães”. Vínhamos de comboio, o que levava um dia e era muito cansativo. O percurso entre Valença do Minho e Paredes de Coura era feito de autocarro e da vila até à freguesia na “caminete da carreira”.
Aprendi a falar português, a compreender os regionalismos do Norte e do Sul e como fui nascer em Lisboa só posso ser extrovertida e “falar pelos cotovelos”.
Parte da família do meu avô emigrou para o Reino Unido, em Lancashire, nos arredores de Londres. Foi com eles que aprendi as primeiras palavras em inglês.
Fui privilegiada pelos meus tutores. Cuidada a tempo inteiro por dois idosos que escolheram sempre o melhor para mim.
Escolheram educar-me dando-me a conhecer, saborear e experimentar para poder escolher assertivamente (com o conhecimento e sabedoria possíveis) entre todas as opções com que me deparasse.
Ensinaram-me a avaliar as situações antes de tomar uma decisão.
Se com o avô aprendi a amar a história, os contos, a natureza e para ele foi importante que eu não dependesse de ninguém, com a avó aprendi a saber de tudo um pouco porque uma senhora antes de mandar deve saber o que quer, como o quer e como dever ser feito.
“Nunca abandonar o objetivo de procurar um futuro melhor do que o presente.”_ dizia o avô.
Estudei em terras de Paredes de Coura., Não era nenhuma santa. Andei à bulha com mais rapazes atrevidos do que discuti com outras meninas.
Matricularam-me em Valença porque não havia em Paredes de Coura oferta que permitisse continuar a minha educação.
A ampulheta do tempo foi invertida várias vezes e a areia continua a deslizar somando anos aos dias.
Fiquei a morar em Valença desde 19/5/1990 até ao passado dia 25 de Abril de 2022.
Moro em no concelho de Vila Nova de Cerveira e trabalho no município de Valença.
Hoje digo:
“Sou tão especial que nem comigo me dou 100% bem. Tenho uma constante guerra civil debaixo da pele. O meu sistema imunológico a atacar a mielina das minhas células. Soma-se a minha teimosia que nem ao diabo agrada, pelo que não me aceita por perto.”
Os filhos cresceram e hoje adultos e formados tem as suas famílias. Eu ...
Sim.
Já sou avó.
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