A libido é fogo. O que você não consegue queimar de dia, queima à noite. Segundo a psicanálise os sonhos são a realização do desejo. Mas é uma equação meio estranha pegarmos o sonho puro e dizer que aquilo é o que nós queremos. A gente quer a loira gostosa, um carro bacana, uma viagem, um prato delicioso, uma boa revanche, no máximo qualquer escrotice barata. Os sonhos são um grande escarcéu. Até a gente chegar à sua alma verdadeira, ou seja, naquilo que realmente desejamos é um parto dolorido. Eu honestamente não sei se vale a pena. Eu acho fenomenal, mas funciona mesmo como método terapêutico? Eu não sei dizer. Tem muita gente que acredita. Mas eu não ponho a mão no fogo pela própria psicanálise, que foi onde eu praticamente entreguei a minha vida! Mudar é uma das coisas mais difíceis que temos que fazer quando algo nos perturba. E esperar resultados diferentes com as mesmas atitudes é um dos primeiros sinais da loucura. Eu tenho investido muito nos sonhos como um caminho para a criatividade, para o inusitado, o novo. Os sonhos me parecem expressões cruas do inconsciente e que bem trabalhadas podem produzir textos excitantes. Mas não é fácil. Escrever não é fácil. O que inadvertidamente salta pode nos causar uma dor infernal. Digerir isto é preciso preparo. Sem esta digestão também não há nada. Nem texto nem cura. Apesar de um não necessariamente querer dizer o outro... Certo?
Number of pages | 162 |
Edition | 1 (2020) |
Format | A5 (148x210) |
Binding | Paperback w/ flaps |
Colour | Black & white |
Paper type | Uncoated offset 75g |
Language | Portuguese |
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