SÉCULO XVIII – 1860
Uma versão mitológica e a mais conhecida e propagada, credita a criação e o início do blues ao negro Robert Johnson, surgido através de inspiração satânica, de acordo com um pacto que Johnson fizera com Lúcifer numa encruzilhada. Robert Johnson, embora fosse um cantor de rua com repertório variado que não fincava raízes apenas no blues, ficou conhecido como um dos pais do blues, um dos primeiros e mais influentes do Delta do Mississippi. Robert era um cantor e músico itinerante, vivia de cidade em cidade, de mulher em mulher e só foi gravar seu primeiro disco em 1936, para a Columbia. Pouco se sabe a respeito da vida desse bluesmen, mas ele foi um grande mestre do blues e criador de clássicos eternos como “Dust My Broom”, “Sweet Home Chicago”, “Ramblin´On My Mind”, “Crossroads” e outros clássicos, já que a verve criadora de Johnson foi interrompida pela morte, em 1938. O blues criou força e começou a se expandir logo depois da Guerra Civil Americana, sugado da música africana que os escravos trouxeram para o Sul dos Estados Unidos.. Mas tudo confirma que a história do blues teve início mesmo no século XVIII, mais ou menos em 1860. Entretanto, datar com fidelidade o início desta religião musical e saber com exatidão em que época o blues foi criado, torna-se uma tarefa enfadonha e meio errônea, pois é impossível saber a data correta de quando tudo realmente começou. Para não incorrer no grave erro de informação histórica, me prenderei nestas páginas, que na verdade são apenas minha pretensão de documentar vagamente a história deste ritmo criado pelos escravos negros nas plantações de algodão no Delta do Mississippi e que alastrou-se mundo afora, influenciando todos os ritmos musicais e que é mesmo o canto dos oprimidos e das almas solitárias. “Eu faço versos como quem morre”, estes belos versos do poeta maior Manuel Bandeira, caberiam muito bem para definir o blues, pois a tristeza empregada nestas palavras é a mesma empregada nos versos de um blues raiz, embora eu considere estes versos de Manuel Bandeira metafóricos e os tenha invertido para “Eu canto blues como quem vive”, porque para este modesto admirador do blues, a vida, embora doidivana e fúnebre, só consegue ser expressiva nos compassos de um blues, cantado docemente nuncupativo (em voz alta). Cada qual conta uma história diferente, que termina por virar lenda e assim a trajetória real vai ganhando contextos mitológicos, mas na verdade, os cantores de blues profissionais começaram a gravar blues em 1920, no entanto, a maior parte das composições tinha sido criada por compositores sofisticados e seu estilo fugia muito do folk blues do Texas e do Sul Profundo. Por volta de 1923, quando uma safra nova de artistas do Sul começou a gravar, estas canções começaram a trazer uma quantidade maior de elementos do folk blues. Entre eles estavam “Ma” Rainey, Bessie Smith, Ida Cox e Sara Martin, que muitas vezes interpretavam suas próprias composições inspiradas no folk blues. Os cantores masculinos também iniciaram suas gravações quase que simultaneamente. Os primeiros como Sylvester Weaver, Papa Charlie Jackson e Lonnie Johnson mostravam uma afinidade estilística com a tradição teatral e o jazz. Bind Lemon Jefferson gravou em 1926 e era um cantor genuíno de folk blues sulista do Texas, suas gravações neste mesmo ano abriram as portas para a gravação do blues do Sul. Nos anos seguintes, que abrangeram mais da metade de uma década, mais de duzentos cantores de blues solistas e pequenos grupos fizeram gravações comerciais deste tipo de música. Mas o que realmente impulsionou o blues e alavancou a comercialização de várias influências e projetou muitos nomes foi o descobrimento do sistema de gravação elétrico, que permitia o registro do violão com melhor qualidade e audição, permitindo ao ouvinte um registro acústico mais amplo e menos barulho na superfície. A gravação elétrica permitia a distinção das palavras dos cantores com sotaques regionais e uma má dicção. O aparelho de gravação elétrico também era mais fácil para ser transportado. Pouco tempo depois de sua invenção, muitas das grandes empresas fonográficas começaram a organizar viagens para descobrir e gravar talentos regionais. Nenhum pesquisador ou historiador pode dizer com precisão onde nasceu o blues.
Number of pages | 289 |
Edition | 1 (2015) |
Format | A5 (148x210) |
Binding | Paperback w/ flaps |
Colour | Black & white |
Paper type | Coated Silk 90g |
Language | Portuguese |
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