Cidadão Ilustre:
A pequena cidade de Paraíso das Hortências no planalto gaúcho, com seus 20 mil habitantes, se orgulhava de ser autossuficiente na extração e produção de pedras preciosas, cultivo de flores e um comércio local profícuo.
O hospital municipal atendia a população de forma satisfatória não perdendo em nada para cidades maiores.
A chegada do Dr. Otávio Lugo, em maio de 1977,vindo da Alemanha para assumir a direção do hospital era a mais nova sensação na cidade, inclusive entre as moças solteiras, por se tratar de um viúvo de 28 anos, bonito e cheio do dinheiro, conforme as más línguas.
Dr. Lugo filho de um Brasileiro com uma alemã, se formou nos estados unidos, com mestrado e doutorado na Alemanha, era um excelente cirurgião geral, e também psiquiatra de renome.
Candidatou-se a vaga de médico contratado pelo município, para deixar no passado, um fardo pesado de dor, pois havia perdido, sua esposa e as filhas gêmeas em acidente de carro, na capital germânica, há dois anos.
Um ano antes ele adotou uma menina, e por isso veio acompanhado de uma babá temporária, a menina tinha apenas um ano e dois meses, chamava se Melinda e foi adotada pelo médico que tentava preencher a perda da esposa e filhas.
Decidiu vir para o Brasil país de seu pai, onde tinha lembrança de dias felizes em sua infância, e aqui pretendia recomeçar, pois falava português fluentemente, e era cidadão brasileiro, e germânico, possuía as duas cidadanias.
Dois anos se passaram Dr. Lugo conquistou muitos admiradores por sua competência e carisma, porém todos estranhavam sua vida solitária e isolada.
Mas ele mesmo costumava dizer escolhi viver só e criar minha filha, pois minha profissão exige muita dedicação e não tenho tempo para o amor, depois que meu grande amor se foi.
Ele adquiriu um casarão velho centenário localizado em cima da colina do condor, propriedade que ficava a 18 km da cidade na zona rural contratou mão de obra de fora e reformou todo, tinha ao todo 10 quartos, três ele transformou em suítes bem mobiliadas, seis salas duas cozinhas.
O trabalho de limpeza ele contratava 4 faxineiras e deixava aos cuidados de seu velho mordomo, tinha determinadas peças da casa a chave onde ninguém tinha acesso só ele Daymon, seu fiel mordomo.
Mantinha funcionários que cuidavam da propriedade e seus cavalos de raça, mas bem distantes do casarão que ele mantinha cercado com cercas de arame farpado e muros altos,
A dois km ficava os alojamentos e duas casas de seus servidores, que o tinham em alta conta como sendo excelente patrão, muito quieto, mas bondoso, ele apenas advertia eles de que o casarão era seu lugar de descanso e pesquisas e ali não queria ser importunado, e eles obedeciam.
Na cidade seu consultório era num sobrado no centro na avenida Osvaldo Aranha 107.
Onde também mantinha a sua residência na cidade.
Ali ele criava Melinda à babá temporária já estava há dois anos com eles, quando resolveu voltar à Alemanha.
Então ele começou entrevistar candidatas à babá, pra Melinda agora com três anos e dois meses, contratou Odete, que passou a tomar conta de Melinda de dia e de noite.
Dr. Lugo conseguiu em pouco tempo formar um império de austeridade, era muito respeitado e admirado por todos na região, sendo que atendia também cidades vizinhas, assim se tornou um homem do povo e acima de qualquer suspeita.
Quando comprou o casarão do alemão Schimidt, este lhe contou sobre as galerias subterrâneas que tinham acesso a partir do porão, onde ele procurou pedras preciosas por anos, mas sem sucesso, e agora com a venda ele estava se mudando para a Alemanha, e lhe afirmou ninguém sabia das galerias apenas ele e agora Lugo.
Nas galerias havia corredores com pelo menos duas saídas, uma para o norte, que dava na mata nativa e junto o bosque de pinhais e a outra ao sul, saía junto ao riacho das ariranhas no bosque de eucaliptos, todas as duas bem escondidas e mantidas em segredo, e a dois km do casarão.
A altura das galerias permitiam um homem de 1,70 andar em pé ereto, pelos seus corredores.
Na área de escavação Central bem abaixo do casarão, havia uma galeria de 10 metros cumprimento por 5 de altura, com várias outras pequenas cavernas escavadas, quando Lugo examinava tudo ,decidiu montar ali um laboratório e celas com grades, onde a princípio seriam para animais em estudo.
Construiu dois quartos de alvenaria equipado com banheiro privativo e uma pequena cozinha.
Tudo bem iluminado e com geradores de última geração, caso faltasse energia, tudo ali estava preparado para hospedar pessoas e mantê-las com o mínimo de conforto.
Elen era uma menina de 16 anos linda, loira cabelos longos olhos verdes, estudava na escola.
Estadual Pedro Américo, querida por todos, alegre e brincalhona, filha de agricultores no pequeno distrito de Água Rasa, onde Dr.Lugo atendia a cada 15 dias.
Se cruzaram na pequena praça do distrito, quando ele a viu sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, tinha a necessidade de conhecê-la melhor, algo dentro dele dizia essa é minha filha, Marcinha umas das gêmeas mortas no acidente.
Começou a observar seus movimentos e rotina diários e descobriu, que ela esperava o ônibus escolar nos limites do Distrito todos os dias, ele fez questão de procurar a direção da escola e marcar uma palestra para os alunos a fim de travar amizade com a menina e funcionou, tornaram se amigos, assim durante quatro meses arquitetou o plano de como a levaria para a cela do casarão.
Numa tarde por volta das 17HS, passava pela parada de ônibus e ali estava Elen e outra coleguinha, como sempre, elas sempre viam o Dr. Lugo passar e conheciam ele do posto médico das palestras na escola, quando ele parou o carro e ofereceu carona, elas aceitaram sem resistência.
O calor estava intenso aquele dia e Dr. Lugo ofereceu refrigerante as meninas tirados de um isopor, elas beberam e em seguida adormeceram, ele havia batizado a bebida com sonífero.
Assim por volta das 19 horas ele as encerrava em celas separadas em seu porão caverna laboratório, deixou água e algumas bolachas e bombons numa mesinha perto da cama.
Ele recomendou Daymon não assustar as meninas e tratar elas com delicadeza sem mostrar o rosto.
Elas iriam acordar somente pelo amanhecer, ele subiu tomou banho, e voltou para cidade, sua filha adotiva Melinda o esperava na sala, pulou em seu pescoço, feliz e sorridente.
_Papai que bom que você chegou, vai dormir aqui hoje não vai? diz que sim ?
_Ele sorria sim filinha vou ficar com você e saio amanhã cedo ok.
_Tudo bem sei que tem muitos compromissos, mas que bom veio hoje, estou com saudade.
Melinda vivia mais com a governanta Odete, que praticamente a criou e ela estava agora com 9 anos.
No dia seguinte as seis da manhã Dr.Lugo já estava salvando uma vida na sala de cirurgia do hospital, era impressionante sua força e dedicação em relação a sua profissão e seria quase impossível alguém pensar que aquele dedicado salvador de vidas, tivesse uma personalidade dupla e também fosse um devotado psicopata.
Por volta das 07:00 hs da manhã Elen acordou com gritos de socorro, era sua colega em outra cela, que gritava desesperada.
Tentou abrir os olhos lentamente, mas estavam pesados ficou ali tentando abrir os olhos e ver o que se passava, veio-lhe a mente que ela e Julia tinham pego carona com o Dr. Lugo, mas agora não conseguia acordar do que parecia um sonho.
Voltou a adormecer apesar dos gritos de sua colega, acordou olhou no seu relógio de pulso era 8.30 da manhã.
Ficou quietinha escutando o silêncio do lugar e foi abrindo os olhos devagar, se deu conta que estava em uma cama, à luz no quarto improvisado era de um abajur, ao lado da cama no criado mudo.
Notou que estava numa cela, numa espécie de quarto, mas era uma caverna, pensou continuo sonhando ou fomos mesmos raptadas.
Levantou se da cama devagar a cabeça estava pesada e dolorida, viu que estava numa caverna, mas bem iluminada, conseguiu ver que havia outras celas mas vazias.
Lembrou-se de Júlia e dos gritos e perguntou em tom alto tem alguém ai, hei tem alguém ai, Júlia você está ai.
A resposta de uma voz rouca e baixa, de não muito longe disse:
_Sim Elem, Eu estou aqui, o que aconteceu? Quem nos prendeu aqui?
Ela respondeu Júlia, por favor, vamos tentar manter a calma e pensar, nós pegamos carona com o Dr. Lugo e aqui estamos, deve ter sido ele que nos colocou aqui ,mas Ele é gente boa não vai nos machucar.
De repente ouviu se o barulho de porta se abrindo dobradiças rangendo e passos firmes, e diante da cela estava um homem com vestido preto com capuz sobre a cabeça, ficou ali parado mãos para trás olhando Elen.
A moça calmamente falou:
_Bom dia, Dr. Lugo, que houve porque nos prendeu aqui?
Lugo observou que apesar da vos tremula Elen estava calma ou resignada á situação, demonstrando um controle incrível.
Pensou: _Que menina admirável, acho que agora acertei terei companhia por muito tempo.
O homem de preto não respondia, mas ela insistiu Dr. Lugo sei que é o senhor pode tirar o capuz, Eu não tenho medo, vamos conversar.
Diante disso ele se afastou de seu campo de visão.
Enquanto Elen argumentava, o senhor é gente boa, salva vidas todo o dia, não acredito que queira nos fazer mal.
O homem voltou com um carinho onde tinha café com leite e torradas, deixou ao alcance de Elen.
E levou também para Júlia na cela ao lado, ela choramingava sobre a cama.
Então Elen disse: _Júlia tome café está gostoso, tome precisamos nos alimentar amiga.
Ela veio meio desconfiada e pegou a caneca e a torrada, realmente estava com muita fome.
O homem de preto só observava as duas, uma forte decidida e outra a ponto de um ataque de nervos.
Júlia começou a chorar, por favor, moço, deixe nos irmos embora nossos pais devem estar nos procurando.
Elem, porém tomou o café, depositou a caneca sobre o carrinho e disse obrigado Doutor, estava muito bom.
Puxou uma cadeira para perto da grade e sentou-se dizendo:
_O senhor está cometendo um crime, isso é cárcere privado, sequestro, porque está fazendo isso.
Ele retirou os carrinhos e voltou com um bilhete e estendeu para Elem, onde dizia:
“Elem, Elem você me encanta, é esperta, não entrou em pânico, tenta contornar a situação com diálogo, muito bom.
Não sou Lugo, meu nome é Daymon, e não pretendo machucar vocês.
Eu amo vocês, quero proteger vocês desse mundo doido lá fora.”
Elem leu e sorriu, chegou a sentir pena dele, parecia sofrer com o que estava fazendo, e então perguntou?
_Você pode nos deixar tomar banho, ler livros,
Number of pages | 114 |
Edition | 1 (2016) |
Format | A5 (148x210) |
Binding | Paperback w/ flaps |
Colour | Black & white |
Paper type | Uncoated offset 75g |
Language | Portuguese |
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