Os três textos – pensados para o Teatro – foram escritos no calor da hora, entre outubro e dezembro de 2018, logo após a eleição do Inominável. Muito diferentes entre si, estão ligados intrinsecamente pelo fio indelével do senso político, pela necessidade de não calar-se, e pelo concreto desejo de Liberdade.
"O Caos é dentro da gente" é uma tragédia urbana ambientada em território sombrio, quando os direitos individuais são banidos em nome do padrão imposto pelos homens de moral impoluta, os paladinos dos bons costumes. Confinada em um cubículo, uma mulher trans - e sua mãe - luta pela sobrevivência em uma realidade inóspita à sua própria existência.
"Freedom" é um musical noir que se passa na efervescência dos Estados Unidos do pós-guerra em meados do século passado. Mas não se deixe enganar, trata-se de uma fábula profundamente fincada em chão brasileiro. Freedom é uma cantora da noite e vive um romance abusivo com um incorporador imobiliário inclinado a vencer na política a qualquer preço, Mr. Goodman. Ao feitio dos grandes clássicos do gênero, um detetive surge para salvá-la, mas seu passado obscuro lembra que as grandes transformações precisam nascer dentro de cada um.
Já "Ah Peste!" é uma comédia para desanuviar o espírito, mas sem perder o foco. Em plena Europa medieval, três amigos - Périplo, Deletério e Magnânimo - decidem fugir da Peste que vem a galope. Iniciam, então, uma aventura em busca da vida e do novo, e encontram pelo caminho algumas personagens que vão mexer com seus ideais e propósitos. Há sempre uma peste pior do que a Peste!
Notem, só para corroborar o clichê de que "a vida imita a Arte", que as três peças foram escritas antes da covid-19, mas duas delas trazem elementos - hoje! - absolutamente familiares: o confinamento e a própria pandemia.
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