Todo mundo gosta de contar suas viagens. A viagem que José Luciano Rollin nos conta aqui é uma viagem ao inferno, ao purgatório das drogas e suas paisagens alucinadas, perigosas, vertiginosas. Para contar estas travessias há que ter coragem, e isto sobra ao autor que o faz sem melodrama, com a lucidez de quem precisa encarar um problema de frente.
Neste seu terceiro livro, Rollin enfatiza a viagem de volta, feita pelo caminho da disciplina – “um dia de cada vez” – com apoio dos Alcoólicos Anônimos e de uma percepção religiosa. Sua bem sucedida viagem de volta começa quando se percebe doente do corpo e da alma e usufrui do apoio de instituições, familiares e amigos para trilhar o caminho da cura.
O uso de drogas é um dos males da sociedade contemporânea. Elas se apresentam como promessa mágica de conforto num mundo em que as pessoas são cada vez mais envolvidas pela solidão, pelo fetiche do consumo e a ausência de sentido na vida. Rollin percebe que este homem segregado de si, de seu próprio íntimo e de sua espiritualidade é doente, habitante de uma sociedade doente. Espiritualmente combalido.
Pela importância do tema, por sua atualidade, por ser a história de “um de nós” a Celos viu nos escritos de Rollin algo a ser compartilhado e, por isto, apoiou o projeto e se orgulha de tê-lo feito. Se é para viajar, que o façamos no sentido da felicidade.
João Paulo de Souza
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