Como um presente, chegou-me o convite da poeta Angela Chagas para prefaciar o seu mais recente livro, o “Chagas Di Lazzar’’, em parceria com a poeta Rosana Lazzar.
Duas poetas distantes, distintas, e diversas em verve, mas com o mesmo olhar para o outro, o lado e o dentro.
Uma, derrama fácil versos de luz e luta. A outra, às vezes com força bruta, sacode o nosso centro com inteligência e perspicácia, como se quisesse nos acordar. Porque, sim, esta é também, a função da poesia. Provocar no leitor um olhar diferenciado sobre as coisas acostumadas.
Neste aspecto, Angela e Rosana, cada qual a seu modo, executam com primazia, o lirismo mesclado entre o doce e o amargo, revelando um tom que bem cabe à realidade agridoce que vivemos, como nestes versos:
“De partir de mim, sem ter pé, sem chão...
E, se te doem fatos, lhes doem boatos...
Onde a diferença do ato sequer é percebida
Porque amargam excesso de razão e não de vida.
Sofrendo por antecipação a dor que ainda nem veio, sem saber
que dói mais a que já se advinha
Que propriamente aquela...
Que o queimaria inteiro!”
ou nestes:
''E mesclaram sua ferrugem corroída
com o metal lubrificado.
Um aprendeu de “presente”.
O outro libertou o passado!''
A's positivas, sim. E assim, versam. Descontraídas, qual uma conversa fim de tarde, íntima e despretensiosa.
E assim, leva-nos às reflexões mais diferenciadas e nos permite, ao final da leitura, fechar o livro e continuar viajando.
Boa viagem!
– Lena Ferreira – Educadora formada pelo Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, poeta e ativista cultural.
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