Desde criança, quando via um avião cortando o céu, meu coração disparava de admiração e desejo. Aquele vulto prateado movendo-se entre as nuvens me parecia algo mágico: a promessa de liberdade, de horizontes infinitos, de uma vida que se elevava. Cresci com aquele sonho: ser piloto comercial, voar em rotas nacionais e internacionais, e, especialmente, trilhar meu caminho dentro da gloriosa VARIG. Este livro, Céu é o Limite – Memórias de um Estudante de Aviação, é a narrativa desse sonho — de suas alegrias, desafios, tropeços e esperanças.
Minha trajetória começou em 1983, quando ingressei no Aeroclube de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Naquela época, o mundo parecia girar mais lento, mas a revolução dos sonhos pessoais já pulsava intensamente dentro de mim. Era o tempo em que o Brasil experimentava tensões políticas, crises econômicas e uma aviação local em plena mutação. Para um jovem aspirante, as condições eram, por vezes, árduas. Mas é justamente nesses cenários que o sonho encontra terreno fértil, onde se testam a paixão e a perseverança.
No Aeroclube, vivi minha primeira experiência “solo” — aquele momento de desligar-se da mão orientadora do instrutor e lançar-se ao vasto céu com minhas próprias asas. Foram horas e horas de voo: navegação VFR, incursões diurnas, vôos condicionais sob nuvens instáveis, treinamentos em simulador IFR (Frasca) que me ensinaram a voar quando os instrumentos são os olhos.
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